Fonte: Jornal Mundo: Geografia e Política Internacional. São Paulo: Pangea, 2012. P. 7.
1.1. Entendendo a Integração
Econômica e Monetária (Euro).
Em 7 de Fevereiro de
1992, os doze países integrantes da Comunidade Econômica Europeia (CEE)
assinaram o trado da União Europeia (UE), na cidade holandesa de Maastricht,
lançando as bases para o que hoje conhecemos como Zona do Euro, composta por 17
países (Alemanha, França, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Itália, Irlanda,
Grécia, Portugal, Espanha, Áustria, Finlândia, Eslovênia, Chipre, Malta, Eslováquia e
Estônia) dos 27 que fazem parte do bloco europeu (veja o mapa). A mudança no
nome de “Comunidade” para “União”, mais do que uma mera vontade dos membros da
comunidade, representava um avanço concreto no sentindo de consolidar a
organização, ao estabelecer como meta a criação de três pilares básicos: moeda
única, mercado e política externa e defesa comuns, além de cooperação policial
e judiciária em matéria penal. O tratado foi assinado, mas nem tudo foram
flores. Os britânicos, por exemplo, impuseram uma cláusula que lhes conferia o
direito de permanecer fora da União Econômica e Monetária.
1.2. As razões para a crise da
Zona do Euro.
A não adesão do euro pela Grã-Bretanha se justifica
pelo projeto alemão para a zona do euro, pois o nivelamento da moeda seria por
alto, a partir do marco alemão, que tornaria os produtos alemães mais
competitivos, enquanto dos outros países do bloco mais caro, em troca os
alemães iriam investir e liberalizar créditos para estimular o crescimento
econômico dos países. Porém, sem controle dos gastos, muitos países não
conseguiram crescer, mas pelo contrário se atolaram em dívidas. Foi o caso dos
países do PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha – Spain em
inglês). Além de possuírem elevada dívida/PIB, estes países possuem pesados
déficits orçamentários ante o tamanho de suas economias. Como não possuem
sobras de recursos (superávit), entraram no radar da desconfiança dos
investidores. Para este ano, as projeções da Economist Intellingence Unit apontam déficits/PIB de 8,5% para
Portugal, 19,4% para a Irlanda, 5,3% para Itália, 9,4% para Grécia e 11,5% para
a Espanha.
O epicentro dessa crise é a Grécia,
que ao entrar na Zona do Euro em 2001, maquiou dados para entrar na integração
econômica e monetária. Em
fevereiro de 2010, uma reportagem do The
New York Times revelou
que a Grécia teria fechado acordos com o banco Goldman
Sachs com
o objetivo de esconder parte de sua dívida pública. A notícia levou a Comissão
Europeia a investigar o assunto e desencadeou uma onda de desconfiança nos
mercados. O clima de pessimismo foi agravado em abril pelo rebaixamento, por
parte das agências de classificação de risco, das notas dos títulos soberanos
de Grécia, Espanha e Portugal.
Fonte: Renee Maltezou e George George Georgiopoulos, da Reuters.
1.3
As consequências da crise da Zona do Euro.
a)
Desvalorização
do Euro: a possibilidade de que governos e empresas da região tornam-se
insolventes faz com boa parte dos investidores simplesmente não queira ficar
exposta ao risco de ações e títulos europeus. Na primeira metade do ano, o que
se viu foi um movimento de venda destes papéis e fuga para ativos considerados
seguros, como os títulos americanos. Esse movimento, de procura por dólares e abandono
do euro, fez com que a cotação da moeda europeia atingisse valores
historicamente baixos. As moedas também refletem o vigor das economias. Sendo
assim, argumentam os analistas, a tendência de longo prazo é de fortalecimento
do dólar e das moedas dos países emergentes, enquanto a Europa não conseguir resolver
seus problemas fiscais e criara condições para um crescimento econômico mais acentuado.
b)
Fuga de
Capitais: a desconfiança em relação à Europa pode disseminar pânico no
mercado e fazer com que os bancos fiquem excessivamente cautelosos ou até parem
de liberar crédito para empresas e clientes. Os investidores, ao venderem ações
e títulos europeus, provocam fuga de capitais da região.
c)
Queda no
padrão de vida da população: sem poder provocar uma maxidesvalorização do
euro, haja vista que isso prejudicaria aqueles países que têm as contas
controladas, a opção é impor sacrifícios à população, como corte de salários e
congelamento de benefícios sociais.
d)
Crescimento
econômico baixo: tudo isso implica menos dinheiro para fazer a economia girar –
justo num momento em que a zona do euro precisa crescer e aumentar sua
arrecadação para diminuir o endividamento. O risco é a criação de um círculo
vicioso, em que uma estagnação ou, até mesmo, uma recessão, prejudique os
esforços de ajuste fiscal – o que levaria a medidas de austeridade ainda
severas, mais recessão, e assim por diante. Num segundo momento, a Europa, como
um dos mercados consumidores do mundo, diminuiria o ritmo de importação de bens
e serviços e prejudicaria a dinâmica econômica global.
1.4. O que a Europa tem feito?
Dois pacotes de socorro foram aprovados com intuito de ganhar tempo para a tarefa de reorganizar as contas dos países mais endividados e restabelecer a confiança dos investidores na região. O primeiro voltava-se exclusivamente à Grécia e somou cerca de 110 bilhões de euros. O montante, levantado pelo Fundo Monetário Internacional (€ 30 bilhões) e pelos governos dos países da zona do euro (€ 80 bilhões), deve ser liberado de forma progressiva num prazo de três anos. O segundo foi a constituição de um fundo emergencial de 750 bilhões de euros para situações de crise na União Europeia. Qualquer país da região estaria apto a recorrer a ele. A maior parte, € 500 bilhões, virá de países europeus e o restante, € 250 bilhões, do FMI.
Caiu no Vestibular!
http://www.infoescola.com/economia/crises-econo-mico-financeiras-de-1991-a2011/acessado
em 04/10/2011
No contexto da citação acima, é
verdadeiro afirmar que
A)
algumas regiões do mundo estão isentas dessas crises; é o caso da América
Saxônica, onde se localizam as mais importantes potências capitalistas do
mundo, Estados Unidos e Canadá. Esta isenção está relacionada à significativa
valorização do dólar, moeda oficial destes países, no atual contexto econômico
mundial.
B)
a Europa, sempre lembrada como uma região de altíssimo desenvolvimento
econômico e bem-estar social, agora tem sua imagem associada a turbulências de
mercado. Descontrole das contas públicas e as particularidades políticas do
continente conduziram a zona do euro, principalmente países como a Grécia,
Espanha e Itália, a uma grave crise financeira.
C)
a China, país capitalista considerado a economia que mais cresce no mundo, está
imune às recentes turbulências financeiras, fato associado à abundância de
recursos naturais que lhe proporciona autonomia no abastecimento de matéria
prima para suas indústrias.
D)
a atual crise econômica europeia ultrapassou os limites da Zona do Euro,
atingindo fortemente países que não adotam a moeda oficial da União europeia, a
exemplo da Inglaterra, Portugal e Irlanda, países da Europa Mediterrânea.