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domingo, 17 de abril de 2011

Yuri Gagarin e o seu feito 50 anos depois, relembra a Guerra Fria.

                                      Yuri Gararin, herói da velha Rússia, 50 anos depois.
Passado muito tempo, depois do primeiro vôo espacial realizado pelo cosmonauta russo Yuri Gagarin, realizado dia 12 de abril de 1961, muita coisa de lá pra cá mudou no mundo, inclusive o motivo que levara ao espaço, a corrida espacial, travada com os Estados Unidos, durante a chamada Guerra Fria, sua frase imortalizou-se: “a terra é azul”.
A corrida espacial foi apenas mais um fato da disputa político-militar e ideológica entre Estados Unidos e União Soviética. Esses países disputaram zonas de influências no mundo para estabelecerem seus sistemas socioeconômicos rivais, o capitalismo e o socialismo, durante 46 anos. A Guerra Fria começou logo após o fim da II Guerra Mundial, em 1945, os acordos de Yalta, que definiu o leste europeu como área de influência soviética, e o tratado de Potsdan, que dividiu a Alemanha e a Coreia, delimitaram o inicio do mundo bipolar, marcado pelas alianças militares, econômicas e políticas.
                                                Acordo de Yalta, Churchil, Roosevelt e Stalin.
A OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança militar capitalista, liderada pelos Estados Unidos, e o Pacto de Varsóvia, aliança militar socialista, liderada pela União Soviética, travaram um jogo de ameaça aos países que ameaçaram seus sistemas. No plano econômico, os planos Marshall para a Europa ocidental, e o plano Colombo para a Ásia meridional, ambos para os países capitalistas. Já os socialistas criaram o Comecon – Conselho de Assistência econômica Mutua. No plano político as doutrinas Truman e Brejnev, que buscavam a contenção do socialismo e capitalismo, respectivamente, através de ditaduras militares ou invasões, como ocorreram no Brasil, em 1964, e no Afeganistão, em 1979.
                           Bombardeio americano ao Vietnã, uma imagem vale mais que mil palavras.
            As guerras da Guerra Fria ocorreram no plano regional, como a do Vietnã, Coreia, a crise dos mísseis cubanos, a primavera de praga, revolução chinesa e cubana, entre outras. Na frase do demógrafo Raymond Aron a Guerra Fria era uma “guerra improvável e uma paz impossível”, pois os arsenais dessas superpotências se fossem usados destrui-los-iam mutuamente, e jamais haveria paz entre o socialismo e capitalismos, que tinham objetivos antagônicos.

                                  A ameaça nuclear na Guerra fria foi uma constante até a 1972.
Gagarim não pôde ver o esfacelamento de seu país, morreu em 1968, no final da década de 1980, gerado por uma série de fatores, como: excessivos gastos militares, atraso tecnológico, centralismo político, burocracia partidária, movimentos separatistas, o fracasso das reformas de Mikhail Gorbatchev (Perestróika e Glasnost), a tentativa frustada de golpe a Gorbatchev, crise econômica e social. A queda do muro de Berlim, em 1989, a reunificação alemã e o fim da URSS, em 1991, enterraram de vez a Guerra Fria, e mesmo com a lembrança do cosmonauta, 50 anos depois, o assunto ainda vale apena ser estudado
                                    Mikhail Gorbatchev, o reformista da Perestróika e da Glasnost.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Grandes projetos, grandes problemas na Amazônia Parte I.

     A (re)ocupação da Amazônia, a partir de 1960, é resultado de uma nova política territorial planejada pelo Estado autoritário brasileiro com o objetivo de incorporar a região ao restante do Brasil e do mundo como área fornecedora de matérias-primas, mais uma vez, e consumidora de produtos industrializados do Centro-Sul, além de diminuir as tensões sociais no Sul e no Nordeste, através do estímulo à migração. Para isso o Estado montou uma poderosa infra-estrutura técnica, financiou Grandes Projetos e criou uma política de incentivos fiscais as grandes empresas, gerando fortes enclaves socioambientais.

1. Amazônia: “Integrar para não entregar”.

    A ocupação da região enquadrou-se na lógica dos militares de “integrar para não entregar”, onde a Amazônia irá se integrar ao restante do Brasil, por meio das rodovias federais, através do PIN – Programa de Integração nacional e do I PND – Plano de Desenvolvimento Nacional (1968-1972), além de infra-estrutura técnica de comunicação e energia. Porém, essa integração reforça a condição periférica da Amazônia na DTT – Divisão Territorial do Trabalho e da DIT – Divisão Internacional do Trabalho, como área fornecedora de matéria-prima e consumidora de produtos industrializados do Centro-Sul e dos países desenvolvidos. Os militares usaram o discurso da ameaça externa, em especial, a comunista, devido o período da Guerra Fria, o que mais tarde iria ganhar respaldo com a guerrilha do Araguaia, articulada pelo PC do B.
    Essa lógica, antecede o período militar, começa com Juscelino Kubitschek e seu plano de metas, com a construção de Brasília(1960) e da BR-010, a Belém-Brasília (1959). Porém, é com os militares que ela se desenvolve, através da Transamazônica, BR-163, a Cuiabá-Santarém, BR-36, a Cuiabá-Porto Velho, BR-210, a Perimetral Norte, BR-174, a Porto Velho-Boa Vista, entre outras, era o PIN e o I PND em prática.
Posteriormente, na segunda metade da década de 1970, entra em ação o II PND ( 1975 – 1979) cujo o objetivo é a exploração dos recursos naturais, através de grandes projetos. Para isso foi feito um mapeamentos dos recursos naturais, por meio do Projeto Radam – Radar da Amazônia, através do levantamento aerofotogramétrico e pesquisa de campo. O projeto deu certo na região e foi expandido para outras regiões do Brasil.

Rodovias na Amazônia, só o desenvolvimento social não passou por aqui.

 2. O Estado e os Grandes Projetos para Amazônia: “Exportar é o que importa?”.

    O papel do Estado na Amazônia refletiu na doutrina de segurança nacional, ou seja, a reafirmação de sua soberania territorial, através da exploração dos recursos naturais para o pagamento da dívida externa brasileira, para isso criou a sua “operação Amazônica” que consistiu na criação de uma poderosa infra-estrutura de transporte, comunicação, habitação e exploração das potencialidades regionais, estabelecendo assim, os Grandes Projetos de exploração na região, cuja produção era voltada para exportação.
Os Grandes Projetos são empreendimentos com investimentos superiores a 1 bilhão de dólares, subsidiados pelo Estado, com grandes extensões de terra, excelente infra-estrutura logística, com a construção de minas, fábricas, portos, usinas hidrelétricas, rodovias, ferrovias e company towns, estando ligados muito mais a realidade nacional e internacional do que local, gerando, contraditoriamente, grandes enclaves socioambientais na região e estimulando uma intensa migração desordenada, provendo a industrialização da Amazônia.
    Para organizar a exploração dos recursos naturais e tornar o Estado Brasileiro mais presente na região, foi criado a SUDAM – Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia, criada em 1966, para substituir a SPVE – Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia, criada por Getúlio Vargas, em 1953. O objetivo da SUDAM é elaborar, aprovar e fiscalizar os empreendimentos econômicos na Amazônia, através de uma política de incentivos fiscais. Porém este órgão esteve associado a escândalos de corrupção, projetos “fantasmas”, nepotismo e clientelismo político, sendo em 2001 substituída pela ADA – Agência de Desenvolvimento da Amazônia, mas durante o governo Lula a SUDAM, em 2003, foi reativada.
Para a Amazônia Ocidental, em especial a cidade de Manaus, foi criada a SUFRAMA – Superintendência da Zona Franca de Manaus, em 1967, com o objetivo de desenvolver essa parte da região e integrá-la a economia nacional, sem acesso direto por rodovias, com a criação de um pólo industrial, turístico, agropecuário e uma Zona Franca de Comércio, além uma política pesada de incentivos fiscais.
A ZFM atraiu empresas nacionais e internacionais, gerando 120 mil empregos, tirando dos cofres do governo do Amazonas mais de 100 bilhões de dólares, o que acabaria com a pobreza do Estado, pois apesar de Manaus ter a alcançado o 4º PIB das cidades do Brasil, ainda não acabou com sérios problemas socioambientais. Porém, manteve intactos 98% de cobertura vegetal do Estado do Amazonas.
Para organizar a política de distribuição de terra foi criado o INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária em 1970, associado, na década de 1980, ao GEBAM – Grupo Executivo de Terras do Baixo Amazonas e ao GETAT – Grupo Executivo de Terras do Araguaia-Tocantins, já extintos os dois últimos.
    O banco que iria financiar esses Grandes Projetos foi o BASA – Banco da Amazônia S/A, criado em 1950, substituindo o BCB – Banco de Crédito da Borracha. Porém, o banco refletia a política do governo federal que privilegiou o grande capital nacional e internacional, em relação aos pequenos produtores, que, em geral, foram excluídos dos subsídios creditícios do BASA.
SUDAM, BASA e INCRA iriam atuar em parceria para estimularem os investimentos para a Amazônia.
Sede da Sudam em Belém.

2.1 – Os primeiros Grandes Projetos na Amazônia.
a) O Projeto Manganês.
Localização da Serra do Navio (AP).

    Criado em 1953, para explorar, beneficiar e exportar o manganês da Serra do Navio no Amapá, pela empresa ICOMI – Indústria e Comércio de Minérios, durante 50 anos. Construção de uma infra-estrutura que envolve a mina da Serra do Navio, a ferrovia Amapá e o porto de Santana e as company towns Vila Amazonas e Serra do Navio.
O manganês é utilizado para a fabricação de pilhas, ligas metálicas e melhoria do aço, durante a exploração do minério de alto teor a empresa investiu no projeto, com o seu esgotamento a ICOMI abandonou o projeto antes do término do contrato. Armazenando nos Estados Unidos grande parte do manganês.
A empresa saiu do Amapá e deixou uma herança maldita para esse Estado da Amazônia, um imenso buraco, equipamentos enferrujados e abandonados, uma cidade “fantasma”, agressão ao meio ambiente e a sociedade, através da contaminação de rios, desmatamento, pobreza da população, e, principalmente, não gerou desenvolvimento para a região, servindo de exemplo para a Amazônia, para que isso não se repetisse mais.

b) O Projeto Jarí.
     Criado em 1967, pelo milionário norte-americano Daniel Ludwig, que via na região a oportunidade de ganhar dinheiro com a produção de Celulose, matéria-prima do papel, Caulim, minério para embraquecimento, e Agropecuária. Localizado nas proximidades da foz do Amazonas, nas margens do rio Jarí, na fronteira entre os municípios de Laranjal do Jarí, resultado da divisão de Mazagão (AP), e de Almerim (PA).
Ludwig pretendia lucrar com a venda de papel para os países do terceiro mundo combaterem o subdesenvolvimento investindo em educação, porém, ele não contava com a crise do petróleo, a queda nos preços e do consumo de papel no mundo na década de 1970, o que endividou o projeto, forçando-o a entregá-lo ao Banco do Brasil, que, posteriormente, foi vendido para o Grupo CAEMI e depois para o Grupo ORSA, que administra atualmente o projeto.
O projeto atraiu milhares de pessoas para seu entorno, que foram em busca de empregos, e encontraram a miséria nas favelas do Beiradão e Beiradinho nas margens do rio Jarí. No entanto, o projeto contou com uma boa infra-estrutura, com a fábrica da JACEL – Jarí Celulose S/A, a company towns Monte Dourado. A fábrica percorreu milhares de kilômetros do Japão até a Amazônia, despertando curiosidade nos ribeirinhos da região.

Beiradão do Jarí, favelão flutuante e pobreza abundante.

2.3 – O POLAMAZÔNIA.
    O Programa de Pólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia, criado a partir de 1975, na lógica do II PND e do PIN, com a finalidade de explorar as potencialidades naturais da região, baseado na teoria dos pólos centrais de François Perroux. Foram criados 15 pólos de exploração agropecuários e agrominerais, esse projeto materializou o interesse do Estado em apoiar grandes empreendimentos. O POLAMAZÔNIA foi implementado pela SUDAM, SUDECO, BASA e Ministério do Interior.
Com a implantação do POLAMAZÔNIA, inúmeras mudanças ocorreram no espaço amazônico, destaque para: maior presença do médio e grande capital nacional e estrangeiro, atraídos pelos subsídios fiscais da SUDAM; apropriação monopolista da terra, ou seja, a terra monopólio de empresas agropecuárias e fazendeiros individuais; intensificação dos conflitos fundiários, envolvendo diversos personagens: posseiros, grileiros, empresas, latifundiários, Estado, pistoleiros, gatos dentre outros; degradação ambiental; impactos sobre a vida da população local.
    A maioria desses pólos fracassaram, apenas alguns deram, relativamente, certo, caso do Trombetas, Rondônia e de Carajás, devido não se enquadrarem a realidade local.

terça-feira, 5 de abril de 2011

O Brasil na rota do terrorismo internacional.

                Desde os atentados de 11/09, em 2001, a CIA, FBI, Interpol, vem afirmando ao governo brasileiro que, também, já possui provas de células terroristas, implantadas no Paraná, em Foz do Iguaçu, e em são Paulo, região metropolitana. Desde a década de 1990, terroristas islâmicos ligados a Al Qaeda, de Osama Bin Laden, vem organizando atentados, financiando ações e praticando o terrorismo, como o atentado a embaixada israelense em Buenos Aires, em 1992, e na associação israelita Amia, em 1994, planejamento do atentado de 11/09, entre outros. Inclusive com a visita de Bin Laden ao Brasil em 1995.

Marco na história do terrorismo: atentado ao World Trade Center 11/09.

Atentado a Associação Mutual Israeleita Argentina - AMIA em Buenos Aires, em 1994


Ponte da Amizade, fronteira do país com o Paraguai e Argentina, rota do terrorismo.


Fronteira Amazônica, bastante vunerável, possível acesso de guerrilheiros da Farc.


Bin Laden o terrorista nº 1, lider da Al Qaeda, passou pelo Brasil em 1995.

                 O que facilita a entrada de terroristas no país é a ausência de leis antiterroristas e frágeis fiscalizações nas fronteiras, como em Foz do Iguaçu, Pantanal e na Amazônia, onde são, aproximadamente, 11 mil km de fronteira. Os terroristas adotam os filhos de mães solteiras brasileiras, impedindo assim sua extradição. No país eles aliciam brasileiros para suas ações terroristas, enviam remessas de dinheiro, segundo o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, apenas um militante enviou 100 milhões de dólares ao Hezbollah. A Polícia Federal afirmou que o terrorismo no Brasil já atingiu 4 estágios, são eles: passagem pelo país; estabelecimento de base; recrutamento de militantes e financiamento de atentados. O próximo passo, acreditam os federais, seria o atentado terrorista. É preciso ter cuidado, pois o país nesta década receberá dois grandes eventos planetários, Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016, onde as delegações dos Estados Unidos, Israel, França, entre outras potências imperialistas, estarão nesses eventos, e já temos maus exemplos, como os atentados nas olimpíadas de Munique, em 1972, onde 11 israelenses foram mortos por terroristas islâmicos.

Rio, copa e olimpiada, colocam em xeque a segurança do país.

                É bom lembrar que o terrorismo, segundo a ONU, é uma ação violenta contra civis inocentes, e que os terroristas, não são só islâmicos radicais, como a Al Qaeda, Hezbollah, Hamas, Jihad, entre outros, que praticam atentados. Mas sim, o praticado por Estados nacionais como os Estados Unidos, que praticou o maior atentado terrorista da humanidade, matando mais de 200 mil pessoas no Japão, com as bombas lançadas em Hiroshima e Nagasaki, ou Israel, que já assassinou milhares de inocentes palestinos, entre mulheres, idosos e crianças.

Terrorismo de Estado, Bomba americana em Hiroshima, II G.M.(1945).

                É preciso, também, destacar que o terrorismo não nasceu no século XX, mas bem antes, na própria história antiga, com o terrorismo praticado por gregos, romanos e bárbaros, porém, com a difusão da sociedade em rede, ele se proliferou e ficou famoso. O terrorismo é um subproduto da pobreza, enquanto existir exploração, dominação e desigualdade social ele irá existir.